Por
que se comemora a Revolução Constitucionalista em São Paulo?
Prof. Sérgio Henrique Capps- (História)
Essa pergunta pode
motivar várias respostas, e o próprio modo de se chamar o referido movimento de
“Revolução”, é discutido e está longe de ser o único nome dado para esse
acontecimento histórico. Assim como em vários outros temas da historiografia.
Lembrando o pensamento de Goethe sobre a história:
“Em nossos dias, já ninguém duvida de que a história do mundo deve ser reescrita de tempos em tempos. Esta necessidade não decorre, contudo, da descoberta de numerosos fatos até então desconhecidos, mas do nascimento de opiniões novas, do fato de que o companheiro do tempo que corre para foz chega a pontos de vista de onde pode deitar um olhar novo sobre o passado...” (GOETHE. Geschichte der Farbenlehre.In:SCHAFF Adam.História e verdade. São Paulo:Martins Fontes,1991.p.267).
Para analisar o tema
sobre a Revolução Constitucionalista, necessita voltar ao ano de 1930, quando
Getúlio Vargas lidera um processo que depôs o presidente Washington Luís no dia
24 de Outubro de 1930. Encerrava o predomínio dos paulistas no poder político,
característica marcante da 1ª República do Brasil (1889 – 1930). Getúlio
passava a ser presidente, inaugurando uma nova fase da República.
Em 3 de novembro de 1930,
Vargas assumiu como presidente provisório, concentrando plenos poderes.
Dissolveu o Congresso, suspendeu a Constituição, limitou a autonomia estadual e
destituiu os governadores, nomeando interventores para os estados. Como está
escrito no livro História em documentos,
essas primeiras medidas de Vargas, anunciavam que um novo tipo de Estado se
formava: um Estado centralizador e intervencionista. Com o claro propósito de
industrializar o país.
As elites paulistas não
estavam satisfeitas, afinal haviam perdido o controle do poder central e da
política estadual. Os paulistas se colocaram contra o governo, exigindo a
convocação de uma Assembleia Constituinte e a nomeação de um interventor
(função semelhante de um governador) “civil e paulista”.
Explodiram protestos na
capital de São Paulo. Em 23 de maio de 1932, quatro manifestantes morreram:
Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC, sigla que virou símbolo de 32). A
morte dos jovens acelerou os preparativos para a luta armada, e, a 9 de Julho,
teve início a Revolução Constitucionalista de São Paulo.
Apesar do envolvimento de
grande parte da população, as forças paulistas saíram derrotadas dos conflitos
armados. Entretanto, alguns objetivos dos paulistas foram atingidos. No ano
seguinte, foram realizadas eleições para a Assembleia Constituinte, cujos
trabalhos resultaram , em 1934, na promulgação da nova Constituição.
A Constituição de 1934
trouxe vários avanços para a época histórica, como o voto secreto e feminino.
Também reconhecia a responsabilidade do Estado pela educação, incorporava
direitos trabalhistas, como férias anuais, jornada de trabalho de 8 horas,
previdência social entre outros benefícios.
Portanto, lembrando da
conclusão da historiadora Maria Aparecida de Aquino sobre a Revolução
Constitucionalista, quando diz que foi um movimento marcado por dois aspectos, um
lado mais negativo, o desejo das elites paulistas de não perder a hegemonia no
poder, porém, por outro lado, teve a luta por uma constituição, que resultou em
conquistas democráticas.
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Nada com aprender e relembrar a nossa História com um especialista formidável!! Obrigado meu querido Sérgio Capps pela excelente publicação!! Forte abraço!!
ResponderExcluirMaravilhoso! A história é algo fascinante e inspirador! Obrigada professor Sérgio Capps.
ResponderExcluirParabéns, Serginho! Muito bom!
ResponderExcluirObrigado meus queridos colegas! Boa parte do texto retirei de um bom livro didático chamado História em documentos da Joelza Ester Domingues. Obrigado por tudo!
ResponderExcluirParabéns, adorei 🥰! Queria entender um pouco mais sobre a revolução constitucionalista,vim no blog da escola 🏫 e vi essa postagem, muito obrigada! Adorei. 🤩
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